sexta-feira, 20 de junho de 2008

Salmo 4

Salmo 4
Apelando a Deus


Introdução:
A Companion Bible assegura que este Salmo é uma oração que tem por alvo o Salmo 2 que já estudamos.
Este Salmo apresenta duas pausas, ou Selá, no final dos versículos dois e quatro. Deve ser lido e entendido à luz desta pausa poética. Note a mudança de pensamento entre o versículo 2 e 3 e depois entre o 4 e o 5.

Responde-me quando clamo, ó Deus da minha justiça; na angústia, me tens aliviado; tem misericórdia de mim e ouve a minha oração. Ó homens, até quando tornareis a minha glória em vexame, e amareis a vaidade, e buscareis a mentira? Selá
Sabei, porém, que o SENHOR distingue para si o piedoso; o SENHOR me ouve quando eu clamo por ele. Irai-vos e não pequeis; consultai no travesseiro o coração e sossegai. Selá
Oferecei sacrifícios de justiça e confiai no SENHOR. Há muitos que dizem: Quem nos dará a conhecer o bem? SENHOR, levanta sobre nós a luz do teu rosto. Mais alegria me puseste no coração do que a alegria deles, quando lhes há fartura de cereal e de vinho. Em paz me deito e logo pego no sono, porque, SENHOR, só tu me fazes repousar seguro.

O salmista ora a Deus pedindo que o livre das desgraças do passado e do presente (v 2). Ele prova aos seus perseguidores que Deus lhe deu dignidade de realeza, e que o Senhor o protegerá (vv 3-4). Encerra com a certeza de que pode dormir tranqüilo, como no Salmo três que estudamos anteriormente. “Em paz me deito e logo pego no sono, porque, Senhor, só tu me fazes repousar seguro”.
I. Em meio aos perigos e tribulações, o salmista busca a Deus.
A) O salmista apela à justiça divina. “Ó Deus da minha justiça”.
O ímpio costuma dizer que se veste de justiça própria, mas o santo fala de outra maneira.
B) O salmista apela para a fidelidade de Deus. “Na angústia me tens aliviado”. Ele não se esquecia da fidelidade de Deus para com ele.
C) O salmista apela para a misericórdia divina. “Tem misericórdia de mim”. Vale observar aqui algumas coisas interessantes:
1. A bênção de se apelar para Deus. O homem vive na terra em constante guerra, e a melhor coisa no meio da batalha espiritual é familiarizar-se com as fortalezas do que com sua própria habitação. A pessoa que sabe operar, enfrenta tribulações, mas encontra a saída.
2. Ele estabelece as condições de se apelar a Deus. Só os justos têm este direito. O que Davi pede está em perfeita harmonia com a santidade de Deus. Graça e justiça não se opõem em Deus. Harmonizam-se perfeitamente.
II. Davi lembra seus inimigos que:
A) Não adianta se oporem ao servo de Deus. “Ó homens, até quando tornareis a minha glória em vexame?”. Os inimigos queriam manchar o seu bom nome, sua honra. E não podia, porque:
1. Por ser ele um eleito de Deus. “O Senhor distingue para si o piedoso” (v 3).
2. Ele era protegido de Deus. “O Senhor me ouve quando eu clamo por ele” (v 3).
O que vemos neste Salmo? (a) Vemos aqui um alerta aos inimigos de Cristo; e (2) um conforto aos discípulos.
B) Exorta seus inimigos ao arrependimento.
1. Reflitam, diz ele. “Consultai no travesseiro o coração e sossegai” (v 4).
2. Pratiquem obras de justiça. “Oferecei sacrifícios de justiça...” (v 4).

III. O bem essencial.
A) A grande pergunta. “Quem nos dará a conhecer o bem?” (v 6).
B) A resposta certa. “Senhor, levanta sobre nós a luz do teu rosto” (v 6). A resposta deve ser anotada:
1. A espiritualidade da suprema bênção. O mundo tem que saber que as coisas naturais não conseguem atenuar nem expiar a ausência de Deus.
Cito aqui o que escreveu João Osíris em 1558:
“Anote o que há de bom na criação que se vê, no cântico dos pássaros, na beleza das flores, na riqueza dos minérios, na maciez das carnes suculentas, todas são coisas que procedem de Deus, a Fonte abundante; pois toda criação manifesta a Deus. Mas não podemos nos fixar nas coisas criadas. Às vezes o pintor pinta as frutas com tanta perfeição, que os passarinhos pousam sobre a tela tentando comê-las, de tão reais. Quando descobrem que são apenas desenhos, voam à procura da comida verdadeira. O pintor divino colocou em sua criação as cores dele, e a natureza parece ter vida. Mas, são apenas figuras, não a verdade, pois a vaidade deste mundo passa. Você sabe reagir ao perceber que a criação é apenas um quadro e não a realidade? Aja como o pássaro que não encontrando fruta num desenho colorido, sai em busca do verdadeiro alimento. Aprenderá que não existe comida, repouso nem satisfação na criação. Voe para Deus. Ele é muito bom. É o verdadeiro alimento. E só nele temos respostas”.
2. As bênçãos de Deus são a doçura das coisas naturais. As coisas naturais anelam a presença de Deus. Como maná no deserto que caía com o sereno da madrugada, a alma deseja a verdadeira presença de Deus, coisa que o crente carnal não almeja.
3. A bênção de Deus é suficiente, mesmo na ausência de bênçãos naturais. Deus pode satisfazer a alma sem trigo e sem vinho. Spurgeon pregando, citou uma frase de Secker: “Ele é suficiente sem a criação; mas a criação não é suficiente sem ele, portanto, é melhor usufruí-lo sem nada, do que usufruir de tudo sem ele. É melhor ser um vaso de madeira cheio de vinho do que um vaso de ouro com água”.
4. A suficiência da bênção suprema. “Mais alegria me puseste no coração” (v 7), do que a alegria deles que depende do vinho e da fartura. “Quando lhes há fartura de cereal e de vinho”.
5. A paz de se ter Deus é diferente da paz quando se tem tudo, menos Deus. “Em paz me deito e logo pego no sono, porque, Senhor, só tu me fazes repousar seguro” (v 8).
A pessoa que confia no Senhor vive com esta consciência de paz; vive na certeza de que está seguro.

terça-feira, 17 de junho de 2008

O sentido de Selá nos Salmos

Selá

Sempre que se lê os salmos, uma palavrinha misteriosa, “selá”, surge, especialmente em textos mais antigos, como a versão corrigida. No Salmo 3 ela aparece três vezes e fazem toda diferença quando lemos aquele Salmo e identificamos o sentido de “selá”.
Apresento aqui a tradução de um artigo da Companion Bible sobre o tema, um dos melhores artigos a respeito.
Esta palavra pode proceder de duas raízes: sãlãh – pausar ou de sãlal – erguer-se, como erguer os olhos. A palavra deve ser associada ao assunto em questão, e não à música; associada à verdade, e não a um tom musical. Alguns dizem que aparece sempre no começo de uma estrofe; outros, no fim. O fato é que quatro vezes aparece, não entre um versículo e outro, mas no meio do versículo, ou texto, como nos Salmos 55.19; 57.3 e em Habacuque 3.3,9. O que acaba com outras teorias, mas, nos ajuda a concluir que as duas teorias são a metade da mesma verdade. Selá não serve para ligar o fim de uma estrofe com o início de outra. No entanto, em quatro casos Selá conecta o fim de um salmo com o início de outro, unindo, assim, os dois. (Veja os Salmos 3 com o 4; 9 com o 10; 24 com o 25 e o 46 com o 47).
Selá, portanto, não começa nem inicia uma passagem, mas liga as duas passagens onde foram colocadas. Percebe-se isto quando se examina cada ocorrência de Selá. Não é uma pausa do tema, nem a passagem de um tema para outro, mas a ligação ou conexão de dois temas. Por vezes, a estrutura é que está conectada. Às vezes é sintética, e acrescenta o desenvolvimento de um pensamento conectando ou ligando uma oração com o pensamento que forma a base do Salmo. Outras vezes é antitética NT e acrescenta um contraste. Ou conecta uma causa com o efeito ou o efeito com uma causa.
É uma conexão de pensamento que nos leva a refletir ou a olhar para trás ao que acabou de ser dito, sublinhando a conexão com o que será mencionado, ou a algum ensinamento adicional.
Assim, caso derive de sãlãh – pausar, não são os instrumentos que pausam enquanto continua o cântico, e sim o coração é que pausa para refletir e perceber a ligação entre as verdades.
Caso derive de sãlal – erguer, ou erguer os olhos, não são os instrumentos que devem se erguer num volume mais alto, e sim os corações devem se erguer e considerar solenemente as duas verdades que estão para ser conectadas ou ligadas. Tais conexões, que mostram a importância e o objeto de cada Selá, são dadas nas notas cada vez que a palavra ocorre.
Os fenômenos ligados a Selá podem ser descritos assim:
1. A palavra aparece setenta e quatro vezes na Bíblia, e todas no Antigo Testamento. Destas 71 estão nos Salmos e três no livro de Habacuque.
2. Ocorre em 39 Salmos – dos 150 existentes. Em dezesseis deles aparece apenas uma vez – Salmos 7,20,21,44,47,48,50,54,60,61,75,81,82,83,85 e 143. Destes trinta e nove Salmos, trinta e um Salmos são oferecidos ao “mestre de canto”, ou “chefe dos músicos”. (Veja meu artigo sobre o “mestre de canto” à parte). Em 15 Salmos aparece duas vezes: 4, 9, 24, 39, 52, 55, 57, 59, 62, 67, 76, 84, 87 e 88.
Em sete Salmos aparece Selá três vezes: Salmos 3, 32, 46, 66, 68, 77 e 140. Aparece quatro vezes unicamente no Salmo 89. Selá aparece nos cinco livros dos Salmos (veja meu artigo sobre a estrutura do livro de Salmos).
NT Que apresenta antítese; contraditório, contrário.

Salmo 3

Salmo 3

O Salmo três em algumas versões, como na corrigida vem acompanhado, como outros salmos do misterioso “selá”. Para que o meu leitor não se prenda a cada Selá deste Salmo, coloquei à parte um artigo sobre o possível sentido desta palavra. Procure-o e leia!
No entanto, o Salmo três à luz da palavra Selá adquire um sentido maravilhoso. O estudante deve observar a forma quase abrupta na transição dos versículos. Nas versões antigas, como a corrigida, o Selá está no fim do versículo dois, do quatro e do oito.
Observe o texto: “Muitos dizem da minha alma: Não há salvação para ele em Deus. (Selá) Mas tu, Senhor, és um escudo para mim, a minha glória e o que exalta a minha cabeça” (vv 2-3 – texto da corrigida). O salmista está reclamando de como se multiplicou o número de adversários, que contra ele se levantam e dizem que não há mais esperança. Repentinamente muda o tom e diz: “Mas, tu Senhor, és meu escudo...”. O Selá é uma pausa na poesia – não na música – que leva o poeta a voltar, a pensar e refletir sobre o passado, como a dizer: “Está bem. Querem me matar, mas esquecem que o Senhor é meu escudo...”.
Davi reclama dos adversários, e de repente, ao refletir sobre o que acabara de dizer, se dá conta de que Deus é seu escudo. Portanto, que venham os homens! Estou protegido em Deus!
A mesma reflexão ou pausa ocorre no final do versículo quatro para o cinco: “Com a minha voz clamei ao Senhor; ele ouviu-me desde o seu santo monte. (Selá) Eu me deitei e dormi; acordei, porque o Senhor me sustentou” (vv 4-5). Ele reflete e clama a Deus. Depois que clama em oração se dá conta de que pode descansar, e dormir em paz. O Selá serve para isto. Leva o poeta a parar, pausar, refletir, pensar e retomar o tema.
Já no último versículo o poeta faz outra pausa, assinala outro Selá para entrar no Salmo 4. “A salvação vem do Senhor; sobre o teu povo seja a tua bênção. (Selá)
Depois que o leitor compreender a importância da pausa na poesia, entenderá com profundidade o pensamento do poeta; penetrará em sua idéia, conhecerá o íntimo do autor e enxergará pela mesma ótica.
Mas, vejamos, como nos salmos anteriores, como fica bem organizado o pensamento se seguirmos o seguinte esboço:

Minorias e Maiorias

I. A maioria sem Deus.
A) A grandeza da maioria. “Como tem crescido o número...” e “São numerosos os que se levantam contra mim” (v 1). “ São muitos...” (v 2). “Não tenho medo de milhares do povo que tomam posição contra mim de todos os lados” (v 6).
B) A ira da maioria. “São muitos os que dizem de mim: Não há em Deus salvação para ele” (v 2). Davi caíra num abismo profundo de iniqüidade depois de adulterar com Bate-Seba. A rebelião de Absalão era fruto de uma série de acontecimentos que tiveram início lá atrás com aquele pecado. Não havia como escapar de seus inimigos – um deles, seu conselheiro principal, Aitofel, avô de Bate-Seba que se sentiu ultrajado, e que agora apoiou a Absalão na rebelião.
II. A minoria com Deus. O salmista sentia que fazia parte de uma minoria, mas uma minoria com Deus. Ele acentua aqui cinco coisas:
A) Consciência de segurança. “Porém tu, Senhor, és o meu escudo, és a minha glória e o que exaltas a minha cabeça” (v 3). Esta é a tônica: Em Deus faremos proezas; se Deus é por nós, quem será contra nós? Etc.
B) Refúgio na oração. “Com a minha voz clamo ao Senhor, e ele do seu santo monte me responde” (v 4).Davi está longe do santuário e da arca, mas a voz do solitário pode ser ouvida em qualquer lugar. Este era o segredo dos mártires: a sós com Deus.
Daí sua paz interior.”Deito-me e pego no sono” (vv 5-6). Muitos se deitam em camas macias e não conseguem dormir; Davi deitou-se na terra pedregosa do deserto e dormiu.
C) A certeza da vitória. “... feres nos queixos a todos os meus inimigos e aos ímpios quebras os dentes” (v 7). Ele vê seus inimigos como bestas selvagens que têm os dentes quebrados e já não conseguem devorar sua presa. Deus repreenderá a maldição de Simei, confundirá o bom conselho de Aitofel e frustrará a usurpação de Absalão.
D) Seu temperamento generoso. “Em paz me deito e logo pego no sono, porque, Senhor, só tu me fazes repousar seguro” (v 8). O poeta pode se deitar tranqüilo de que não será castigado por Deus.
Eis aqui as lições que podemos aprender deste Salmo:
1. Não acredite na decisão da maioria.
2. Não se iluda com a decisão da maioria.
3. Não receie por estar em minoria, com Deus.
4. A maioria será contra, sempre que Deus estiver com você.
5. Conquista-se a maioria pela devoção e oração.

segunda-feira, 16 de junho de 2008

Salmo 3

Salmo 2
O Homem Rebelde

Introdução:
Não se sabe ao certo em que circunstâncias este Salmo foi escrito. Alguns intérpretes afirmam que Davi o escreveu quando os filisteus o atacaram (2 Samuel 5). De qualquer maneira Davi começa se referindo ao reino terrestre e, profeticamente alarga seu pensamento ao reinado do Messias.

A Companion Bible apresenta uma estrutura interessante para este Salmo.
1. Os primeiros três versículos dizem respeito a reclamação da humanidade em geral, contra o Senhor, o Ungido.
Por que se enfurecem os gentios e os povos imaginam coisas vãs? Os reis da terra se levantam, e os príncipes conspiram contra o SENHOR e contra o seu Ungido, dizendo: Rompamos os seus laços e sacudamos de nós as suas algemas. (vv 1-3).
2. Os versículos quatro e cinco mostram a reação do Senhor à decisão dos povos de quererem se livrar de Deus:
Ri-se aquele que habita nos céus; o Senhor zomba deles. Na sua ira, a seu tempo, lhes há de falar e no seu furor os confundirá.
3. Os versículos seis a nove falam do reino de Jesus Cristo:
Eu, porém, constituí o meu Rei sobre o meu santo monte Sião. Proclamarei o decreto do SENHOR: Ele me disse: Tu és meu Filho, eu, hoje, te gerei. Pede-me, e eu te darei as nações por herança e as extremidades da terra por tua possessão. Com vara de ferro as regerás e as despedaçarás como um vaso de oleiro.
4. Nos versículo dez e onze, novamente o que dizem os homens:
Agora, pois, ó reis, sede prudentes; deixai-vos advertir, juízes da terra. Servi ao SENHOR com temor e alegrai-vos nele com tremor.
5. Finalmente, no versículo 121 o Filho aparece novamente trazendo juízo:
Beijai o Filho para que se não irrite, e não pereçais no caminho; porque dentro em pouco se lhe inflamará a ira. Bem-aventurados todos os que nele se refugiam.

A estrutura do Rev W.L. Watkinson em Homiletic Commentary on the Psalms ajudará o leitor e pregador a fazer uma boa exegese do Salmo 2. O esboço que ele apresenta do Salmo está pronto para ser pregado.

I. Guerra Santa

A. O tamanho da revolta.
Nações, povos, reis e governadores (vv 1-2). O reino de Cristo sempre encontra oposição.
1) Em todas as nações quer judeus, gregos ou romanos.
2) Em pessoas de todo grau de autoridade, sejam reis, povos ou o populacho, todos tentam destruir a fé.
3) Por todas as gerações. Cristo foi rejeitado pelos seus (At 4.27).

B) A revolta se caracteriza pela determinação de apagar o seu nome da terra.
1) Deliberadamente. “Conspiram”.
2) Reúnem-se em conselhos para tramar contra Jesus Cristo.
3) Estão resolutos. “Levantam-se”.
A este respeito diz Mathew Henry: “Era de se esperar que uma bênção dessas para o mundo deveria ser bem-vinda e recebida com alegria; que todos os chefes imediatamente se curvassem ante o Messias, depositando suas coroas e cetros aos seus pés. Mas, acontece o contrário: Filósofos, príncipes e reinos levantam-se de forma tirânica contra o ensino e o reino de Cristo”.

C) A razão secreta desta revolta.
“Rompamos os seus laços e sacudamos de nós as suas algemas” (v 3).
Facilmente o mundo creria nas doutrinas bíblicas se estas não apresentassem nenhuma exigência; e o mundo toleraria a igreja se esta abandonasse seus ensinamentos.

D) A oposição que fazem a Cristo é em vão.
1) Pela irracionalidade dos argumentos. Por que os gentios se enfurecem contra Jesus? A todos os seus inimigos perguntamos: Mas, o que ele fez de errado?
2. Pela inutilidade da argumentação. “Imaginam coisas vãs”, diz o texto. Deus já declarou que seu Filho reinará e que colocará todas as coisas sob seus pés (vv 6-7). Com graça e harmonia o poeta vê Deus rindo da situação!
3. O salmista conclui:
a) Com um conselho: “Sejam prudentes!” (v 10). É melhor vocês se renderem a Cristo do que lhe fazer oposição. Certo filósofo romano disse ao imperador Adriano: “Nunca discuto com um príncipe que tem vinte e quatro legiões a seu dispor”. Todo poder é dado a Jesus Cristo. É melhor se render do que perecer no caminho (v 12). “Todo o que cair sobre esta pedra ficará em pedaços; e aquele sobre quem ela cair ficará reduzido a pó” (Mt 21.44).
b) Com uma direção: “Servi ao Senhor com temor e alegrai-vos nele com tremor” (v 11). Temor, devido a sua grandeza e santidade; alegria, por seu amor e pela liberdade de servi-lo.
c) Com um convencimento: “Beijai o filho” (v 12). É melhor se submeter do que ser esmiuçado por seu poder!

II. O reino de Cristo.
Temos aqui uma narrativa do reino mediador de Cristo. Observe:
A) Sua soberania. “Eu, porém, constituí o meu Rei sobre o meu santo monte Sião” (v 6). O trono de Cristo é exaltado e elevado acima de todos os reinos do mundo.
B) Sua autoridade. “Proclamarei o decreto do Senhor” (v 7). A autoridade dos reis de Israel dependia da submissão ao governo de Deus. Os reis eram como pequenos deuses, ou filhos de Deus.
C) A universalidade do seu reino. As nações são todas dele, por isso as oferece ao filho: “Pede-me, e eu te darei as nações por herança e as extremidades da terra por tua possessão” (v 8).
D) A invencibilidade do reino. “Com vara de ferro as regerás e as despedaçarás como um vaso de oleiro” (v 9). Moll, comentando o texto disse: “Os inimigos de Cristo pensam que o cetro de Cristo é um chicote, como nos dias de seu sofrimento. Mas, envergonhados um dia sentirão o peso do cetro de autoridade nas mãos de Cristo”.
E) A Graciosidade do reino. “deixai-vos advertir, juízes da terra” (v 10). O objetivo de Cristo é abençoar e salvar.

III. As forças antagônicas.
“Servi ao Senhor com temor e alegrai-vos nele com tremor” (v 11).
A ciência descobriu que as leis do universo estão estabelecidas sobre forças antagônicas; o mesmo ocorrendo com as leis da vida cristã.
A) O texto tem dois sentidos:
1) Servir ao Senhor com temor. Existem o temor servil e o temor filial. Aqui é temor filial. Uma sensibilidade nobre, uma consciência cheia de expectativa, uma apreensão salutar, com “tremor”. “Com difidência – desconfiança. É o tipo de medo que uma pessoa tem de sua difidência de sua força e de seu poder”.
2) Alegre-se! Alegre-se no Senhor Deus. Mostre-se satisfeito, alegre e glorie-se em servir o Senhor.
B) Esses dois aspectos não são incompatíveis...
Temor a alegria parecem contraditórios. Forças, leis, fenômenos que aparentemente são contraditórios se complementam, como o oxigênio e o nitrogênio que se complementam.
C) São dois aspectos importantes no desenvolvimento da vida cristã. Devemos temer e nos alegrar.
Por que se reuniram povos e em vão murmuram as nações? Os reis da terra se posicionaram com os líderes que, secretamente, conspiram contra o Eterno e seu Ungido, dizendo: Rompamos suas amarras e nos livremos de suas cordas... com um cetro de ferro os esmagarás; como a um vaso de barro os estilhaçarás.

sexta-feira, 13 de junho de 2008

Salmos de 1 a 8

Salmos 1 a 8

Os próximos oito Salmos fazem parte da estrutura do primeiro livro dos Salmos que tratam da vida do homem na terra. Conforme apresentamos anteriormente, tal estrutura teria sido arranjada por Esdras. Muitos teólogos tentaram encontrar razões do por que tal estrutura, mas nenhum deles apresenta uma razão ponderável.
O estudante deve refletir sobre estes primeiros oito salmos tendo em mente que a primeira parte da estrutura deste livro trata do “O homem e o Filho do Homem”. Veja a estrutura apresentada anteriormente.
Passemos, agora ao estudo de cada um dos oito primeiros salmos que apresento sob duas perspectivas: a técnica e a reflexiva. Refiro-me a reflexiva, como uma meditação que se faz e lições que se tira de cada um deles. Aqui a imaginação de cada leitor corre solta. Cada pessoa retira a lição ou reflexão que quiser, e sempre vou apresentar a meditação de um ou outro autor sobre cada salmo.

Salmo 1

Este Salmo começa com “Bem-aventurado” (1.1). Vale observar que o Salmo 2 termina com a mesma expressão: “Bem-aventurado”. Isto é, felizes são os que...
Três palavras se destacam no Salmo 1: Andar, deter-se e assentar-te. São três etapas ou situações na caminhada cristã.
1. Andar, conselho e ímpios, dá uma idéia de continuidade.
2. Deter-se, caminho e pecadores, que traz a idéia de ter alguma coisa consigo, e
3. Assentar-se, assento e escarnecedores, que traz a idéia de estacionar, de parar à roda dos que escarnecem de Deus e de seus filhos.

Deixo a seguir para meus leitores o que encontrei no The Preacher’s Homiletic Commentary: 1
“Este Salmo foi posto como o primeiro de todos, porque por seu caráter e tema representa uma introdução a todos os demais salmos. Trata da bênção do justo, e a miséria do ímpio, temas que se repetem em todo o livro”.
Na reflexão que faz do Salmo o Rev W.L.Watkinson usa três estruturas. A primeira parte ele trata das bênçãos, e na segunda, das maldições ou resultados negativos, e na terceira, os resultados em si. O leitor pode conferir:
I. A vida abençoada.
A) O secreto de uma vida abençoada (v 1).
1) Uma relação correta com a vontade de Deus. “O seu prazer está na lei do Senhor”.
2) Uma relação de amor à lei de Deus. “O seu prazer...”. Para esta pessoa a lei não é uma carga pesada a ser carregada, mas um prazer.
3) Uma relação correta com a inteligência da lei de Deus. “Na sua lei medita de dia e de noite”.
B) O retrato de uma vida abençoada (v 3).
1) A certeza de que a bênção está bem alicerçada: “Plantada junto a corrente de águas”.
2) As manifestações dessas bênçãos. A pessoa piedosa é conhecida pela beneficência de sua vida.
3) A perpetuidade das bênçãos. Ele está plantado em local fértil, junto a fontes de água.
4) A universalidade das bênçãos. “e tudo quanto ele faz será bem sucedido” (v 3). Seus frutos são conhecidos.

Watkinson apresenta também uma estrutura para a segunda parte do Salmo 1. “Existe um clímax ao fim de cada expressão. Assim, as três primeiras, andar, assentar-se deter-se, são seguidas de três outras negativas: ímpios, pecadores e escarnecedores”.
II. O erro do ímpio e seu estilo de vida. “Andar no conselho dos ímpios” (v 1). A palavra original para ímpio aqui tem o sentido de pessoa independente de Deus, solta. O ímpio sempre tenta se justificar.
A) Como é a vida do ímpio.
1) Detém-se no caminho dos pecadores.
2) Assenta-se com os escarnecedores.
B) Os resultados de uma vida iníqua. Abençoado é o homem que não caminha no conselho do ímpio. Este versículo nos lembra do seguinte:
1) A natureza insinuada do pecado. Ela penetra no coração.
2) A natureza prolífica do pecado. Um pecado leva ao outro.
3) A natureza amaldiçoada do pecado. Traz miséria e morte.
III. Os resultados.
A) O destino diferente das pessoas. O justo floresce, o ímpio não.
B) O destino das pessoas depende de seu caráter moral e de sua conduta. “Os perversos não prevalecerão no juízo” (v 5).
C) O destino das pessoas é resultado da somatória de seu caráter. Ele é como a palha que o vento dispersa. Não permanece.
Por fim, apresento a tradução do Salmo 1 pela Editora Séfer: 2

Bem-aventurado o homem que não segue os conselhos dos ímpios, não trilha o caminho dos pecadores e nem participa da reunião dos insolentes; mas, ao contrário, se volta para a Lei do Eterno e, dia e noite, a estuda. Ele será como a árvore plantada junto ao ribeiro que produz seu fruto na estação apropriada e cujas folhagens nunca secam; assim também florescerá tudo que fizer. Quanto aos ímpios, são como o feno que o vento espalha. Nem eles prevalecerão em julgamentos, nem os pecadores na assembléia dos justos; pois o Eterno favorece o caminho dos justos, enquanto o dos ímpios os conduz à sua ruína.




1 The Preacher’s Commentary on the books of Psalms, Vol 1, New York, Funk and Wagnalls Company, 1892 pp 1 e 2
2 Salmos com tradução e transliteração, Editora Sêfer

segunda-feira, 9 de junho de 2008

Estrutura do Livro dos Salmos

Reflexões sobre os Salmos
A Estrutura dos cinco livros

Conhecendo a estrutura do saltério hebraico. Quero dar aos meus leitores uma estrutura dos cinco livros que compõem os Salmos.
Manuscritos antigos, autoridades em documentos massoréticos, o Talmude e versões antigas dividem os salmos em cinco livros. O midrash do Salmo 1 diz: “Moisés deu aos israelitas os cinco livros da lei, e de maneira correspondente Davi lhes deu os cinco livros dos salmos”. A estrutura de cada salmo é perfeita e encontramos a mesma perfeição nos cinco livros como um todo. Várias tentativas foram feitas no passado para saber por que os salmos estão classificados em cinco livros, mas não se achou ainda uma explicação plausível.
Os Salmos e Seus Cinco livros

A estrutura dos Salmos a seguir, apresenta os Salmos divididos em cinco livros, cada um deles correspondendo a um livro do Pentateuco.

I. Livro de Gênesis – Salmos 1 a 41. A respeito do homem. Os conselhos de Deus sobre o homem. Bênçãos ligadas à obediência (Sl 1.1 c/ Gn 1.28). A obediência é a árvore da vida do ser humano. Este livro pode ser dividido em três partes:

A) O Homem e o Filho do Homem.
Salmos 1 a 8.

B) O homem da terra – Salmos 9 a 15
Salmos 9-10. O homem da terra. O anticristo. Seus dias. Seu caráter e seu fim. “horas de tribulação (9.9; 10.1).
C) O Homem Cristo Jesus – Salmos 16-41

II. O segundo ou livro do Êxodo de Israel: Salmos 42 a 72 – A Respeito de Israel como nação.
A) A ruína de Israel – Salmos 42-49
Salmos 42-43. A ruína e a opressão chegaram (42.9; 43.2). Nenhuma ajuda do homem. Começa com lamentações e choro da mesma forma que o livro de Êxodo (c/ Ex 2.23; 3.7-9; 6.9).

B) O Redentor de Israel – Salmos 50-60

C) A Redenção de Israel – Salmos 61-72

III. O Terceiro ou livro de Levítico. Salmos 73-89 – O santuário.
A) O santuário em relação ao homem – Salmos 73-83

B) O santuário em relação ao Senhor – Salmos 84-89
Salmos 84-85. Bênçãos aos que se aproximam do santuário.

IV. O livro de Números. Salmos 90-106 – A respeito de Israel e as demais nações.

Introdução à estrutura do quarto livro. Números é o nome dado pelos homens ao quarto livro do Pentateuco devido ao levantamento do número dos filhos de Israel nos capítulos 1-3 e 26 de Números. O nome deriva do latim Numeri tradução da Septuaginta (Arithmoi). No cânon hebraico é também chamado de Bamidbar que procede de “No Deserto”. O título cobre todos os eventos do livro. Números, portanto, é o livro “do deserto” e fala de todos os tipos do deserto, ou tipos de nossa peregrinação.
No “Número” dos salmos temos fatos semelhantes. E estes se abrem com o Salmo 90: “a oração de Moisés” – o homem do deserto. Seus ensinamentos, como os demais livros são dispensacionais, tendo a terra como pensamento central. O propósito de Deus é celebrado em relação à terra, e as nações do mundo, da ruína à glória, conforme vimos nos três livros anteriores em relação ao homem, a Israel e ao santuário.
O pecado entrou no mundo e arruinou não apenas o homem, mas também a terra. “Maldita a terra por tua causa”. O pecado fez do paraíso um deserto, e a morte encheu a terra de tristeza e lamentos. Não existe esperança para a terra, para as nações, e para toda a criação fora do Senhor. O primeiro e o segundo salmos (90 e 91) tratam disto e têm a nota chave e é o epítome de todo o livro. São personagens deste mundo desértico, quando montanhas, dilúvios, campos, pestes, árvores, etc. que o leitor pode observar se atentar no livro.
Consiste, como no livro III de dezessete salmos todos anônimos (inda que nem todos sem títulos), exceção feita aos salmos 90 (e 91) escritos por Moisés e os 101 e 103 escritos por Davi.

Salmos 90 e 91. Dos títulos divinos neste livro Jeová (Senhor) aparece 126 vezes e Elohim 31. Os salmos 90 e 91 são, evidentemente, um só, divididos em duas partes, escritos por Moisés logo no início dos 38 anos de castigo no deserto, que é o tema deste quarto livro. (Se o Salmo 91 também é de Moisés, então toda escritura citada na tentação do deserto por nosso Senhor – até mesmo as citadas pelo diabo – saíram dos escritos de Moisés).
Quando Deus decretou que todos os homens que saíram com mais de vinte anos do Egito morreriam no deserto – e eram 603.550 homens de guerra – Moisés fez os cálculos, pois é sobre isto que tratam os vv 9 e 10.
Se um homem tinha vinte anos, apto para a guerra, morreria aos 60 anos.
Se tivesse 30, morreria aos 70.
Se tivesse 40 morreria aos 80.
A média de idade seria 30, daí o v 10.
O Salmo 91, por outro lado, mostra o que acontece quando vivemos na “sombra do Onipotente”. É um conforto para a “igreja do deserto” durante aqueles quarenta anos. Quantos foram eliminados no deserto pelo terror noturno, pela flecha que voa de dia, pestilência durante a noite nem a praga ao meio-dia.
A) O Salmo 90 é o prólogo deste livro.

B) O descanso da terra é antecipado. – Salmos 95-100. Note o versículo central do saltério (96.11) e a razão (96.13).

C) Celebrando o descanso da terra. – Salmos 101-105. O trono do Senhor no céu e seu reino sobre todos (103.19).

V. O quinto ou livro de Deuteronômio. Salmos 107 a 150 – A respeito de Deus e sua palavra. “Enviou-lhes a sua palavra, e os sarou, e os livrou do que lhes era mortal” (Sl 107.20).

Com esta estrutura dos Salmos em mente, o leitor poderá acompanhar comigo o estudo de cada salmo do saltério. Apresentarei, ao estudar o Salmo 119 uma estrutura especial deste Salmo que nos permite entender melhor cada parte dele.

segunda-feira, 2 de junho de 2008

Refletindo os Salmos

Refletindo os Salmos

Introdução

Os Salmos têm sido, ao longo dos séculos, fonte de conforto, de desabafo irado e de solução para os cristãos. Nos Salmos o crente em Jesus Cristo encontra a palavra, conselho ou desabafo para todos os momentos da vida. Nestes os salmistas rasgam a alma e colocam pra fora seus sentimentos de alegria, de contentamento, de desesperança e de raiva.
Os Salmos são poesias, cânticos, orações e declarações de homens de Deus que cobrem um período longo – de Moisés a Esdras, e abrangem um período de 1088 anos, desde Moisés (1491 a.C) data da saída do Egito até o dia 1 de Nisã no ano 403 a.C última data mencionada por Esdras. Temos Salmos de Davi, de Asafe, de Salomão, dos filhos de Core, de Esdras e muitos salmos anônimos.
Existem muitos comentários sobre os salmos e, como mestre, pesquisador e escritor percebo que o público leitor não costuma comprar livros nem devocionais sobre os salmos, e não é preciso perguntar o porquê. É que os salmos falam por si mesmos; não apenas por si mesmos, senão também por todos nós. Lecionei sobre os salmos no seminário teológico, e me detive no aspecto técnico e profético, e na fantástica estruturação dos cinco livros que compõem o saltério dos judeus – e de todos nós. O livro é estruturado em cinco partes e cada parte se encaixa a um dos cinco livros de Moisés. Aliás, este tipo de abordagem tem sido feita por escritores em todas as épocas, isto é, associando cada período da história a um livro do Pentateuco. Imagino que, por vezes os historiadores e escritores costumem lucubrar teologicamente sobre matérias transcendentais.
Nesta série de reflexões sobre os salmos, faremos pausas reflexivas para comentar, por exemplo, porque o Salmo 90 – o primeiro da série aparece como o de número noventa, e como Paulo sabia que o Salmo que ele acabara de mencionar era o Salmo 2. E os salmos de romagem, ou cânticos dos degraus, por que têm este nome? Por que havia degraus no templo onde eram entoados pelo povo? Mera especulação porque não havia degraus no templo – quinze degraus dizem os especuladores teológicos que nada têm a dizer e falam tertúlias ao léu. Então, os salmos dos degraus têm um sentido especial e serão comentados nesta série de reflexões sobre os salmos.
A maioria dos comentaristas bíblicos concorda que os salmos foram compilados por Esdras, no pós-cativeiro, e este escriba teve a graça, capacidade e sabedoria para arranjar em ordem os salmos conforme aparecem hoje em nossas Bíblias. Esdras está ali colocando no saltério o Salmo 137, escrito na Babilônia: “Às margens dos rios da Babilônia nós nos assentávamos e chorávamos, lembrando-nos de Sião”.
E por que não comentar sobre o livro de Jó um salmo de intimidade e desabafo? Como o livro de Jó foi colocado à parte no cânon sagrado e é contado entre os livros poéticos da Bíblia – será melhor comentá-lo à parte. Jó é livro que contém mistérios, a começar pela época em que a história teria acontecido e pela aparente disputa de Satanás pela posse da alma humana. Mas, Jó revela que o diabo é limitado por Deus que o controla como um cão bravo – aumentando ou diminuindo o tamanho da coleira.
C.S. Lewis escreveu uma pequena reflexão sobre os Salmos editada em 1958. Foi seu primeiro livro cristão – dizem os editores – em que aborda as maldições que os poetas proferiam contra seus inimigos, as mortes, a conivência (dos ímpios), a natureza e os cânticos de louvores e exaltação a Deus, o Criador. Além da estruturação apresentada no apêndice da Companion Bible, que apresentarei ao leitor faremos um passeio espiritual pelo jardim dos Salmos, contemplando as aléias adornadas de flores; pisaremos nas areias quentes do deserto, sucumbiremos de sede e fome; sentiremos os espinhos penetrar a carne e nos deleitaremos às margens de rios e córregos perenes, de águas cristalinas, porque a espiritualidade de um homem não é medida pela quantidade de bênçãos, mas pelo desconforto espiritual quando enfrenta problemas sem solução aparente.